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sábado, 22 de outubro de 2011

Presságios de uma morte anunciada

Líbios comemorando a morte de Kadafi em Trípoli
Quando em 1979 Khomeini começava a se destacar como alternativa ao despotismo no Irã, o mundo via com aprovação o novo líder que surgia para “mudar o sistema” e fazer a revolução. Pouco tempo depois, tinha se instaurado outra ditadura, extremamente fundamentalista e mais cruel do que a anterior. 

Agora o mundo passa por momentos interessantíssimos, em que a sociedade civil (os 99%, como se tem dito nos EUA, em referência aos que não fazem parte dos 1% mais ricos que comandam o mundo), se articula e vai às ruas pedindo mudanças. 

Viva a mudança! Mas ela não pode parar na entrada dos palácios oficiais. A morte de Kadafi, nesta semana, mostra que é preciso cuidado com o regime que entra. Déspota, assassino, usupador dos direitos civis e muitas outras qualificações negativas são bem empregadas ao ex-ditador líbio, mas a forma com que foi tratado após sua captura não é nem um pouco alentadora do ponto de vista de quem espera um regime que respeite os direitos civis.

Por mais que nossos anseios sejam o de que os antigos predadores sanguinolentos sejam varridos do mapa, é preciso que se aja com os mesmos ideais que se defende. Caso contrário, trocaremos seis por meia dúzia.

Não sei se foi uma atitude coletiva precipitada ou se são presságios do que o novo regime deve representar. À conferir...


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Futuro?




Será um futuro?

O mundo está respondendo. A revolução nos países árabes, a insurgência (não consegui achar uma palavra adequada para classificar o que anda acontecendo por lá) no Reino Unido, o novo Gandhi na Índia e os estudantes no Chile.

Tudo é fruto de um novo movimento baseado na indignação. Cada país com seus motivos, cada nação com a sua luta. Impulsionado - não só, mas com grande força - pela internet, o mundo começa a mostrar a cara que só víamos nas propagandas verdes e saudáveis de bancos e etc. 

A revista Exame traz uma matéria em que um estudo da Fiesp estima que entre 1,4% e 2,3% do PIB brasileiro seja desviado anualmente, ou seja, entre R$ 51,4 bilhões e R$ 84,5 bilhões. São valores surreais, nem precisa especular, dariam para sanar muita coisa ligada a saúde, educação e infraestrutura tranquilamente.

O senador Pedro Simon, junto com alguns outros poucos, lançou uma Frente de Combate à Corrupção e à Impunidade no Senado,essa semana, e o facebook já começou a se movimentar. Ainda são pequenos passos, mas o senador, que tem na conta ter sido um dos líderes das Diretas Já, lembrou: "Quando lançamos as Diretas, ninguém levou a sério. Mas o povo começou a sair na rua, o movimento começou a crescer e deu no que deu. A ditadura acabou."

A ditadura agora é de gente mais graúda, mas quem sabe?

De repente acontece um milagre...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Making Money

Assim como os companheiros do Cabral ganharam polpudas isenções aqui no Rio, o pequeno problema que os EUA estão enfrentando tem suas raízes em parte nesses "incentivos" ao desenvolvimento das corporações.

A GE, por exemplo, em 2010 supostamente pagaria US$ 3,2 bilhões em impostos, mas por ser muito boazinha, com sua linha de "imagination at work" (slogan da companhia), conseguiu sair ilesa. Nem um tostão foi pro cofre.

Em maior escala isso explica em parte a dificuldade em pagar as dívidas do tesouro americano e a decisão de continuar fabricando dinheiro enquanto não tem jeito de arrecadar o suficiente. Segundo o New York Times, a participação das corporações na arrecadação de impostos da receita federal americana passou de 30% nos anos 50, para 6,6% em 2009. E de lá pra cá quase todas cresceram bastante...

É o avanço da chamada "corporatocracia"? Não sei. Mas já que mencionei a GE, um fato curioso na história da gigante é que em 1930 ela era dona da rede de televisão NBC dos EUA e teve que se desfazer da participação em função das leis antitruste da época. Em 1986 ela comprou de novo a NBC. Hoje é dona de 49% da NBCUniversal. A lei caiu e o truste voltou a valer? Vale a pesquisa para outra hora.

Essa facilidade com que o tesouro americano tem de emitir dinheiro baseado em nada é uma coisa incrível... os caras levaram o bordão "making money" a outro patamar.

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Uma menina da Puc fez uma websérie - chama Quero ser Solteira - juntando uma galera muito boa para o trabalho final de curso e tá fazendo bastante sucesso. É muito boa mesmo.

Os episódios são curtos, mas divertidos e muito bem produzidos. Se tivesse no multishow já teria deixado várias para trás...

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Aves e Estádios

"As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá"... e ao que tudo indica, nem os estádios.

Enquanto os estádios europeus, com toda tecnologia de ponta e rapidez na obra, têm preços de estádio, os nossos têm preço de... não sei.

Um estádio construído na Alemanha e inaugurado mês passado, com capacidade para 34 mil torcedores, custou cerca de R$ 140 milhões. O Allianz Arena, para 69 mil torcedores, ultra high-tech, ficou em  340 milhões (cerca de R$ 763 milhões, pela cotação de hoje), isso porque tem sete níveis, todos com centros comercais, além de um parque ecológico. Já o recente anunciado, o estimado Itaquerão, do Corinthians, tem orçamento inicial previsto para R$ 820 milhões. Inicial...

E o maracanã? As obras começaram com orçamento previsto de R$ 600 milhões, passou para R$ 1 bilhão (U-M B-I-L-H-Ã-O!!!), e agora fizeram a caridade de revisar para R$ 932 milhões. Gentileza, não?

Bom, o trem-bala já está chegando em R$ 50 bilhões, né. Do que reclamar?

Sábado vai ter uma passeata com o tema Fora Ricardo Teixeira. Já tem site também. Nessa conta ele deve estar levando muito, mas infelizmente não está levando sozinho. E provavelmente não é quem mais está levando. Mas a homenagem é bastante merecida.

ADEMÁS

Coitado do Elano...