A Voz do Brasil não representa todo o Brasil. Pelo menos não o que o povo urbano brasileiro gostaria de ouvir na rádio naquele horário.
O programa vai ao ar todos os dias, descontados os fins de semana, às 19 horas, e dura uma hora. Dividido em quatro partes; 25 minutos de notícias do poder executivo, cinco minutos do judiciário, 10 do Senado e 20 da Câmara dos Deputados. Apesar de algumas modificações ao longo do tempo, o programa existe desde 1935 e se tornou obrigatório durante um período de ditadura e problemas com liberdade de imprensa.
Meu ponto aqui não é tratar das implicações políticas do programa, que já geram muita discussão e embate com as rádios privadas (são concessões públicas, sim, mas são empresas privadas).
O que me incomoda é que para a população urbana a Voz do Brasil nunca foi um prazer nem uma fonte principal de informações. Se é importante o Governo/Estado ter uma voz obrigatória nas rádios nacionais é questão para outra hora, o que não pode é o cidadão que volta para casa do trabalho ser obrigado a uma hora inteira de notícias maçantes.
De 19h às 20h é uma parte significativa da Hora do Rush nas capitais, momento em que muita gente fica presa no trânsito sem muitas alternativas de distração que não o rádio. Depois de um dia longo de trabalho ou de estudo, chega o momento em que as pessoas querem ouvir uma música ou um programa descontraído, já que os carros e ônibus não andam.
Poderiam muito bem pegar essas quatro partes e espalhar ao longo do dia, como se fossem várias edições de um mesmo jornal. A Voz do Brasil já está perfeitamente dividida em pedaços tragáveis, só falta o bom senso.
Além de deixar a longa viagem de muita gente mais tranquila, os que ouvem captariam muito mais o que é passado, afinal de contas, hoje em dia dificilmente alguém fica atento a uma hora inteira do quer que seja.