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quinta-feira, 31 de março de 2011

Bolsonaro promovendo a causa LGBT?

Uma semana depois de ter completado 56 anos, Jair Messias Bolsonaro, Deputado Federal pelo Partido Progressista (PP-RJ), teve uma  entrevista sua veiculada pelo CQC que sacudiu os meios de comunicação e as redes sociais na internet. O Deputado federal fez declarações ofensivas aos homossexuais e aos negros.

Ele e seus filhos já correm para esclarecer que a pergunta teria sido mal entendida e que a resposta não era direcionada aos negros, mas sim aos gays, como se isso fizesse com que todos compreendessem a postura do deputado. Nas palavras de seu filho, Flavio Bolsonaro, que é deputado estadual,  transparece com naturalidade que em sua opinião a frase direcionada aos gays não seria ofensiva. "Entendam, ele não tenha(sic) aquela opinião sobre negros, a resposta foi p/ pergunta 'se um filho seu tivesse um relacionamento gay'" - disse via twitter."

Bolsonaro já tinha ficado famoso por suas declarações polêmicas, como quando disse que defendia a tortura em alguns casos e quando  pediu o fuzilamento de Fernando Henrique Cardoso pelas privatizações que fizera. Também já pediu o fechamento do congresso e chamou a deputada Maria do Rosário de "vagabunda" em discussão.

Ele não é um homem burro, pelo contrário, é extremamente inteligente e bem informado, porém é em mesmo grau desequilibrado, preconceituoso e radical. Mas defende uma parcela do eleitorado que é pouco representada; a dos militares. Com suas propostas de aumento de "soldo" e seus elogios ao corpo militar brasileiro, ele abarca um grande número de eleitores que ficaram em segundo plano na história recente do país. Quem quiser ouvir um pouco sobre os ideais do homem, vale conferir entrevista dada ao Jô há alguns anos atrás. Dá pra ver a irritação de Jô em alguns momentos, e saem algumas pérolas da conversa.

Mas o que mais intriga em todo esse imbróglio é algo que consta em suas atividades parlamentares recentes quando se visita sua página online: "COMISSÃO PERMANENTE: DIREITOS HUMANOS E MINORIAS: Suplente, 01/03/2011".

O homem, que, quando perguntado sobre se a polícia teria agido corretamente no Carandiru durante a chacina de 111 presos, disse que "perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro", e que repetidamente se diz contra o homossexualismo, foi um dos escolhidos como suplente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias? 

Que eu saiba, quem defende tortura, pena de morte e preconceito não tem muito a ver com direitos humanos ou com minorias...

Outra coisa curiosa é que na página inicial de Bolsonaro há um espaço com um link para o "Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT".

Ele, que tanto diz que é contra "esse ambiente promíscuo" em que Preta Gil supostamente viveria, está promovendo a cidadania e os direitos LGBT?

Espero que não usem isso como defesa contra as acusações de discriminação. Seria muita cara de pau.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Caiu na conta da cerveja

O governo resolveu mexer nas estruturas para balancear a relação inflação/crescimento e acabou levando a conta  pro bar da esquina.

Depois de um ano em que o Brasil cresceu a uma taxa de 7,5% do PIB, o maior em 24 anos, e teve uma inflação de 5,91%, a maior em seis anos, Dilma e equipe resolveram mexer no quadro para ver se acalmavam um pouco a situação.

O pensamento é de que o país crescendo a uma taxa tão alta, gera maior consumo e por consequência esbarra na inflação. Para diminuir a inflação, arrefecer os ânimos do consumidor e não criar imbróglios, o governo resolveu fazer um arranjo que promete dar o que falar.

Da parte do leão, reajustou em 4,5 % o Imposto de Renda - só conseguido depois de negociar com as centrais sindicais e do fechamento do salário mínimo em 545 reais -, o IOF (imposto que incide, não só, mas principalmente, sobre a compra no exterior com cartão de crédito), passou de 2,38% para 6,38%, e, por fim, mas não menos importante, aumentou-se em 15% o preço das "bebidas geladas" (água, refrigerante e cerveja).

A princípio está sendo dito que o aumento será sobre o produtor e que isso não seria repassado para o consumidor final, mas convenhamos que é algo raro no Brasil a mordiscada não ser levada para o prato do cidadão no fim das contas.

Caso chegue a nós, uma latinha que custava R$1,20 no mercado, passará a custar R$1,38. Diferença considerável no dia a dia de um povo que consome mais de 10 bilhões de litros de cerveja por ano. E, ao mesmo tempo, toma-se um pouco de quem anda viajando demais também. Fato que deve dar novo fôlego aos cartões TravelMoney, que até o momento não cobravam IOF.

São diversas mudanças e especulações complexas, não se sabe se vai afetar o cidadão comum ou não, e ainda se vai trazer o efeito esperado. Mas é preciso que haja sobriedade para não deixar a conta cair na mesa do botequim.

sábado, 26 de março de 2011

Gato por lebre? Bom senso ao judiciário

Corremos o risco de mais uma vez pagar o pato sem comer o prato. 

Enquanto em Londres a população toma as ruas para protestar contra o governo, aqui um projeto que surgiu por iniciativa do apoio da população vai sendo jogado para escanteio. A Lei Ficha Limpa, que, segundo a emenda constitucional, surgiu "para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato.", já foi adiada para as eleições de 2012, liberando a entrada de gente como Jader Barbalho e indo de encontro com a vontade da sociedade brasileira.

A medida foi juridicamente apontada como correta, pois segundo a constituição, uma lei aprovada em um ano só entra em vigor no ano seguinte. O novo ministro do Supremo, Luiz Fux, responsável pelo voto de desempate, já havia elogiado a Lei, porém preferiu se apegar à leitura estritamente objetiva da constituição. 

Pode ser que não tenha sido o melhor caminho, mas ao menos não é criada uma prerrogativa para que futuramente se passe por cima da constituição. Esse parece ter sido o raciocínio do ministro, que ao pé da letra é bem coerente com sua posição, porém na prática sabemos que quem vem para derrubar uma constituição não se baseia em premissas ou prerrogativas...Mas não é esse o ponto.

Tudo bem até então, foi cumprida a lei, respeitada a constituição e em dois anos seria satisfeita a vontade do povo. Mas uma outra possibilidade de interpretação da lei ameaça que sua validade seja adiada mais uma vez. A lei diz que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória",  ou seja, enquanto um réu não for condenado até a última instância, poderá se eleger se assim for interpretado - o que pode levar até dez anos.

Não sei se o melhor seria passar por cima da constituição para atender a uma vontade do povo que pode ser atendida em dois anos sem prejudicar a bancada jurídica - mesmo que tenhamos que engolir um Jader Barbalho para isso -, mas é preciso que se tenha em mente que também não podem transformar um desejo da sociedade em sonho enterrado.

Há interpretações e interpretações. Que prevaleça o bom senso.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Palmas e ressalvas à ONU - sobre o Irã

É notável a postura adotada pelo governo Dilma acerca dos Direitos Humanos até agora. Se comprometeu a rever as injustiças e o que ficou abafado após a ditadura, tem reforçado o discurso do direito das mulheres e agora uma novidade no quadro internacional trouxe mais um sopro positivo para a equação: o voto no Conselho de Direitos Humanos da ONU a favor da investigação do Irã.

O país persa vem sendo criticado pela conhecida repressão à oposição e pelo crescimento das penas de morte, dai surgiu a votação. Mas apesar de a embaixadora brasileira presente no Conselho, Maria Nazareth Farani Azevedo, ter minimizado o voto, fica claro que houve, sim, uma mudança de postura. Enquanto Lula passava como quem não via por críticas mais contundentes ao Irã, a política externa brasileira atual leva muito mais em conta os direitos humanos do que seu antecessor.

Palmas e ressalvas...

O escritório de Direitos Humanos da ONU diz que o Irã não coopera com informações desde 2002, dai as palmas para a iniciativa da investigação. Porém é sabido que os EUA, e alguns acompanhantes seus, buscam a todo custo uma brecha para investigar as atividades nucleares iranianas há algum tempo, e o pedido da criação de um posto de investigador partiu da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, em discurso feito mês passado.

O pedido foi feito alguns dias após os EUA aprovarem mais sanções ao Irã por conta de suas atividades nucleares. E dai vêm as ressalvas.

Podem ser só especulações, mas é bom que fiquem de olho no que realmente está sendo dito nessa votação. Pois, apesar de ser importante uma transparência internacional quando se tratam de assuntos nucleares, mais importante ainda é a transparência dos objetivos reais dos Conselhos da ONU.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Menos blush para o mundo...

Berlusconi deu mais uma declaração sincera de seu olhar sobre o mundo, ˜estou com pena de Kadafi˜, teria dito segundo a edição impressa do Globo de hoje (página 32, canto superior direito).

Após uma sucessão de ataques da mídia ao longo dos últimos tempos, ora com festas e orgias em sua mansão em Arcore, ora com seus projetos que atentam contra a liberdade de expressão, entre outras coisas, o ˜dono˜ da Itália não estaria totalmente decidido de que foi a melhor alternativa atacar a Líbia, apesar de oito caças italianos já estarem fazendo parte dos ataques ao país.

Berlusconi só teria aderido porque o presidente Giorgio Napolitani o convenceu de que ficariam mal na fita se não seguissem o clube dos Top-Europ.

É sabido que de todas as maneiras os interesses políticos e a preocupação com as imagens dos representantes internacionais prevaleceram sobre a verdadeira preocupação com os direitos humanos, o que é triste, mas mais chato ainda é ter que ouvir de um líder mundial, representando um país do tamanho e do peso da Itália, que sente pena do ditador que a poucos dias ameaçara jogar bombas em manifestantes pacíficos e que desrespeitou inúmeras vezes a população de seu país.

O lado de quem invade também não merece elogios, já que pelo que parece está fazendo alguns ataques desorganizados, chegando a atingir civis também. Mas se não houver uma convergência de propósito real para uma redemocratização e os líderes ficarem apenas tentando lustrar suas imagens enquanto jogam o pepino no colo da OTAN, vai ficar complicado ver um futuro de glória para a Líbia. 

Se não descerem do palco logo, todos os lados correm o risco de perder... e não digo só em relação aos direitos humanos, o blush também vai derreter.

terça-feira, 22 de março de 2011

Horror e Shakespeare para jornalistas na Líbia

Para quem não está acostumado a ver textos muito longos e com caráter mais pessoal nas páginas dos jornais, porém gosta disso, vale dar uma olhada em uma matéria do New York Times de hoje.

É o relato de quatro jornalistas do veículo que estavam cobrindo o conflito na Líbia, quando foram capturados pelos soldados aliados de Qaddafi.  O texto, em forma de narrativa, conta todos os detalhes dos dias em que passaram sendo levados de um lado para o outro do país, enquanto eram vítimas de pancadas e abusos psicológicos. Em alguns momentos é relatado o tratamento a que foi submetida a única mulher do grupo, que apesar de não ter sofrido estupro, foi extensamente tateada por soldados líbios. Um destes chegou a tentar enfiar a baioneta de um rifle no ânus de um dos jornalistas homens, ao mesmo tempo em que ria da situação do pobre homem.

É um relato triste e interessante, que mostra vários lados da guerra. Desde o front com sua faceta mais cruel, onde soldados maltratam e ameaçam jornalistas, chegando ao veredicto de que devem ser alvejados, fato que só não chega a ser concretizado porque algum soldado se preocupou com a política ("You can't. They're Americans", teria dito um dos soldados ao encarregado de atirar), até o lado diplomático, em que homens com postos mais altos da hierarquia tratam bem aos jornalistas, dizendo que tudo foi uma confusão causada pelas circunstâncias e que eles seriam enviados em segurança de volta ao seu país.

O texto ainda tem seu lado cômico, quando conta que durante os últimos quatro dias ficaram confinados em um local onde havia apenas um dicionário alemão-árabe e cinco peças de Shakespeare nas prateleiras. E que durante estes dias, dominados pelo tédio, ficaram encenando repetidamente as peças entre quatro paredes. 

Seria cômico se não fosse trágico. E provavelmente deve virar roteiro de cinema a ser lançado daqui há alguns anos por Hollywood. Afinal de contas, sempre há tempo para filmes...e para Shakespeare.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Arrudas, Kassabs e caixa dois

O DEM está indo ladeira abaixo em direção ao seu próprio sepultamento e o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda - acusado de receber propina -, parece ter jogado a última pá de terra por cima do caixão.

Em entrevista à revista Veja, Arruda diz ter "ajudado" muitos de seus ex-colegas de partido, chegando a mencionar cifras e nomes de políticos envolvidos. Os ataques e desabafos podem ser frutos de uma desesperança política e vingança pessoal por parte do ex-governador, mas também podem ter algumas intenções por trás.

O nome de Kassab em meio às acusações surge em um momento crucial para o atual prefeito de São Paulo, pois chega bem na hora em que está surgindo seu novo partido, o Partido Social Democrático (PSD). Pode ser coincidência, mas alguma coisa cheira mal nessa história. Quem sabe uma especulação de algum partido que não queira um Kassab tão forte e aceite um Arruda pela porta dos fundos em troca... resta esperar para ver se é coincidência ou não.

Já em relação ao conteúdo das acusações, quando Arruda diz que dividia alguns financiamentos de campanha com Kassab, deixa claro que não era da forma mais limpa. "Os que eu não ajudei, o Kassab ajudou. É assim que funciona. Esse é o problema da lógica financeira das campanhas, que afeta todos os políticos, sejam honestos ou não." - disse o ex-governador.

Triste, mas real. Todos sabem o quanto ainda é confusa a organização dos financiamentos de campanha no Brasil, com caixa dois em todos os partidos e lobistas com grandes poderes nas mãos. Porém, além dos nomes dos políticos envolvidos nestes esquemas, me faltam os nomes e os interesses objetivos das empresas que completam o braço da corrupção. Enquanto não forem buscados e sentenciados a fundo os dois lados dessa moeda podre, será difícil uma mudança de postura.

É a lei da oferta e da procura fazendo sua parte num mercado de ações altamente rentável...

quinta-feira, 17 de março de 2011

O Senado esqueceu do Senado

Agora é só por cinco anos o mandato e os candidatos a vaga no executivo não podem mais se reeleger. Tem seus prós e seus contras. Por um lado acaba com a farra de quem tem o Tesouro Público em mãos para fazer campanha, mas por outro pode emperrar um pouco os projetos que demandam mais tempo para conclusão - sob pena de governantes egoístas não levarem adiante ideias de longo prazo para não "darem a glória" a algum sucessor.

Se foi bom ou ruim, só o tempo nos dirá. O fato principal agora é que mudou. Já no caso do legislativo é que fica mais complicado. Até agora não se falou em mudar as regras de reeleição para cargos de deputados e senadores. Nosso Presidente do Senado, José Sarney, por exemplo, está em seu quinto mandato. Foi eleito em 1970 pela primeira vez, e está lá até hoje, de onde só saiu para presidir o país por cinco anos e voltou logo em seguida. E até 2015 nos acompanhará.

Dizem que sem a reeleição se faria um Senado fraco, pois é um posto que requer muita experiência. Mas experiência para manter um Status Quo problemático não é exatamente o que precisamos ultimamente. Basta dar uma olhadinha no Maranhão do Sarney - que por sinal foi eleito pelo Amapá na última eleição, mas isso é detalhe técnico - ou em Alagoas (de Collor e Calheiros), que detêm o piores índices de IDH do país, para se ter uma ideia da "experiência" que está sendo empregada.

Outro ponto é a concessão de TVs e rádios para parlamentares. Prefiro nem gastar teclado falando sobre esse ponto, acho que seria básico supor que homens que fazem as leis e regulam o país não podem ter meios de comunicação em mãos. Vão regular a si mesmos? Em primeira e terceira pessoa?

Acho que não...

terça-feira, 15 de março de 2011

Energia do futuro, qual será?

A  maior parte da energia japonesa ainda vem do petróleo, apesar de o país ter 55 usinas nucleares em funcionamento em um pequeno território de aproximadamente 380 mil m². Mas logo atrás vem a responsável pelos últimos vazamentos radioativos e pelo caos na ilha nipônica.

Mesmo não sendo a principal fonte de energia do país, a produção nuclear é responsável por quase 30% do consumo japonês, segundo a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o que faz com que seja uma parcela bem razoável da demanda. 

Ainda é muito maior a preocupação com a realocação das pessoas em áreas de risco por contaminação radioativa, com toda razão, mas ainda não vi em jornais ou portais de notícia nenhuma matéria estimando o estrago desse terremoto na produção energética do país.

O impacto no mercado de seguros será grande e a Europa já se reposiciona em termos de regulamentação de usinas nucleares, com Merkel fechando as duas mais antigas da Alemanha, e Suiça suspendendo todas as licenças para que novas sejam construídas, dentre outras medidas pelo continente a fora. Mas como será que ficará o Japão em breve? Sem energia suficiente, ou bastará aumentar novamente sua importação de petróleo? Acredito que a segunda opção prevaleça, mas ainda fica o vácuo para o futuro... Qual será a energia do futuro? Que tenha capacidade de suprir a demanda hoje fornecida por petróleo, reatores nuclear e outras energias com seus respectivos ônus?

O Google ficou na dúvida entre o sol e o hidrogênio... 


segunda-feira, 14 de março de 2011

O Discurso do quase rei

Obama vem ai e a galera está em êxtase...

Queria só lembrar uma coisa que aconteceu ano passado e que teve nova repercussão essa semana; a prisão do jovem oficial Bradley Manning, acusado de vazar informações sigilosas do pentágono em 2010.
Ele é apontado como o responsável pelo envio de milhares de documentos confidenciais ao site Wikileaks, que fez uma filtração e espalhou esses papéis entre The New York Times, El País, The Guardian, Der Spiegel e Le Monde.

Manning tem 23 anos e está preso desde maio do ano passado. No meio da papelada que ele é acusado de mandar para o site de Julian Assange está o famoso vídeo Collateral Murder, que mostra soldados americanos no Iraque dentro de um helicóptero atirando para matar civis, dentre os quais estavam um jornalista e um cinegrafista da Reuters. No vídeo, os soldados riem em certo momento e ficam impacientes para atirar. Foi de extrema importância a exibição desse vídeo para se entender o que está acontecendo por dentro dessa guerra e como as coisas tem sido conduzidas. Medidas deveriam ser tomadas para que fosse mudada essa realidade e não para que fosse abafada.

Infelizmente o homem apontado como o nova cara da democracia e da renovação da política dos EUA tomou uma decisão da velha guarda neste ato. As coisas são como são e Manning está preso até agora, e já foi pedida pena perpétua. Está em uma cela minúscula e recentemente tem sido obrigado a ficar nu no pequeno espaço, segundo seu advogado.

A novidade da semana é que o Porta-voz da Secretaria de Estado americano, Philip J. Crowley, deixou seu cargo alguns dias depois de ter dito que a postura em relação a Manning vinha sendo ˜ridícula, contraproducente e estúpida˜. O homem não teve apoio e sentiu a pressão nos bastidores.

É uma percepção simples se for analisado o quadro total. ˜Matem o mensageiro˜ nao é o caminho... Roma já se foi faz tempo e os EUA ainda não se adaptaram ao pós-Cesar. Espero que na coletiva de imprensa do Rio - se houver - alguém cutuque a veia da primeira emenda americana e a dos direitos humanos na guerra do Oriente Médio.

Depois todos podem aplaudir o Major International Speak à vontade.

domingo, 13 de março de 2011

Sobrou propaganda e faltou banheiro

Foi um ótimo carnaval carioca. Cada vez parece mais organizado e com menos confusão depois que os blocos de rua voltaram. Mas uma questão ainda está longe de ficar resolvida.

O governo se propôs a acabar com o xixi na rua, o que na teoria é uma iniciativa louvável, mas na prática tem se mostrado falha. As placas de propaganda anti-urina, com frases bem humoradas e divertidas, ocuparam grande parte do plano de fundo da folia que mais uma vez animou tanto o Rio. Mas, se por um lado os esforços para convencer a população a mudar de postura foram grandes, por outro a quantidade de banheiros químicos e sua disposição não foram suficientes para dar cabo ao problema.

Na praia de Ipanema e na do Leblon a situação foi melhor, onde houve bastantes cabines, mas em alguns pontos faltaram muitas para que fosse razoável exigir toda essa ordem. No Aterro do Flamengo, por exemplo, onde teve show da Orquestra Voadora, contavam-se ao menos cinco vezes mais placas da propaganda governamental do que banheiros químicos. Num raio de mais de um quilômetro havia apenas cinco cabines para cada gênero. Todos sabem que durante o carnaval o consumo de bebida alcoólica, principalmente cerveja, aumenta muito, e isso faz com que a capacidade de se segurar da galera diminua bastante. Se não tiver banheiro suficiente em volta, vão fazer onde conseguirem ser um pouco mais discretos.

Todas as vezes em que fui ao banheiro, não tinham menos de quinze pessoas na minha frente esperando. Se eu não tivesse entrado na fila sempre quando a vontade ainda era pequena, com certeza teria acabado procurando uma árvore, como muitos fazem e fizeram. E não acho que seja por falta de vontade de cooperar, muitas vezes a necessidade é maior. Vi até gente que ia pra algum canto com uma garrafa plástica vazia e depois jogava ela cheia no lixo.

A Antártica com certeza ganhou uma boa grana patrocinando esse carnaval de rua e o Itaú também se promoveu bastante, tá na hora de colocarem um pouquinho mais na conta dos banheiros químicos.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O lado verde da revolução árabe

É claro que tudo isso não passa de um sonho além da revolução, mas com toda essa ebulição nos países árabes surge uma questão a mais. A do petróleo.

A Líbia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e isso já foi usado pelos dois lados como arma. Ambos queimando poços e fazendo com que o preço do barril aumente. Os protestos já ecoam no Bahrein e na Arábia Saudita, esse sim o país que mais produz petróleo no mundo. Estão dizendo que os valores do barril podem chegar a US$150, US$200 até o fim do ano.

Eu me pergunto se essa revolução democrática - ao menos em princípios - que vem acontecendo por ali não poderia impulsionar uma revolução há muito adiada... a das energias renováveis. Já existem carros que funcionam à luz solar, à água e à energia elétrica, dentre outras inovações, porém continuamos no velho e já estabelecido sistema petrolífero.

Talvez fizesse com que a situação daqueles países ficasse ainda pior, já que perderiam sua principal fonte de renda, mas o passo da humanidade seria finalmente dado em direção a um futuro mais verde.

Isso nunca acontecerá, todos sabemos. Pelo menos nos próximos vinte anos ainda teremos que parar em postos e escolher entre gasolina e diesel (no Brasil  ainda tem o álcool, eu sei), mas seria bom pensar que além de democrático, o mundo estaria se tornando mais verde.

Mas enquanto assuntos desse tamanho são silenciados com nobéis (taí o grande Al Gore), continuemos com nossos protocolos de Kioto e encontros anuais pelo mundo...

quinta-feira, 10 de março de 2011

84 é agora

Li nessa quarta de cinzas que estão colocando 500 mil câmeras de vigilância em uma cidade chinesa. Se chama Chongqing e tem 32 milhões de habitantes, o projeto ficará pronto em 2012.

A matéria de Fabiano Maisonnave, na Folha de S. Paulo, dizia também que o gasto da China já é maior com a segurança interna do que com as Força Armadas. Isso tudo encadeado pelo medo de que se repita o que vem acontecendo nos países árabes.

Uma cidade inteira vigiada por câmeras, uma polícia política fortíssima que reprime civis e imprensa, além de censura prévia e boicote a expressões "perigosas"...já vi esse filme. Ou li esse livro.

Todas essas novas mídias e ferramentas online contribuíram e muito para a inclusão das vozes que nunca foram ouvidas, e cada vez é preciso que seja dada mais atenção aos anônimos que falam coletivamente. É o que tanto se pesquisou e nunca se definiu; a voz do povo, sem interlocutores ou analistas, dita diretamente pra quem quiser ouvir.

E até quando vão fechar os ouvidos? Obama fazendo acenos à distância e Conselho de Segurança aprovando moções simplistas?

A China é o tigre que vai engolir todo mundo, e com ela ninguém mexe. Deem um nobel ao rapaz que grita e tá tudo bem. A Europa já se treme toda em pensar na onda árabe invadindo seus lindos jardins, deixemos a China crescer à rédea curta que assim ninguém precisa se preocupar com mais essa galera.
É uma pena que essa galera seja quase um quarto da Terra.
Orwell foi um cara perspicaz, mas errou na data...