É incrível a pouca atenção dada ao surfe pela mídia brasileira. O título que escolhi para este post não foi por acaso. Nem para ficar chamativo. Foi para exemplificar o que acontece nos jornais com os esportes diferentes do futebol. Ficam de lado e são tratados pelo viés futebolístico.
O Mineirinho - Adriano de Souza - foi campeão da etapa carioca do circuito mundial de surfe, o evento mais importante de todos no esporte, e ficou em primeiro no ranking total do campeonato. É a primeira vez que um brasileiro alcança essa posição no ranking do mundial.
O Globo e a Folha deram uma foto dele na capa do jornal. A Folha na parte superior esquerda e o Globo na parte inferior central. As fotos chamavam atenção e faziam supor que os jornais fariam uma edição de esportes voltada para o surfe e aprofundada na história - em paralelo com o campeonato brasileiro, claro. Uma coisa não excluiria a outra.
Mas não... o Globo se limitou a uma página inteira e a Folha à pagina dupla de seu caderno de esportes. Abordagem simplista, sem muito charme. Nem culpo o repórter, tenho lá minhas impressões que a chefia não deu espaço de propósito. Afinal de contas, para os cadernos de esporte futebol é o que há, o resto é hobby de alguns desocupados. A Folha ainda foi um pouco melhor, a matéria se aprofundava um pouquinho mais, mas também não era nada demais.
Podiam conversar com alguns surfistas que estavam no campeonato, buscar brasileiros que tem influência no meio, como Teco Padaratz, ou que se notabilizaram com ele, como Rico. Podiam contar a história de Mineirinho com detalhes, falar com pessoas ligadas à ele - e não apenas seu treinador-empresário. Podiam até relacionar valores do surfe com os do futebol, se é tão importante assim deixar a bola sempre em primeiro plano, mas não dar tão pouca atenção ao maior evento do mundo, ainda mais sendo em território nacional.
Aliás... mais que nacional, local. Especificamente no Rio de Janeiro, curral do Globo. Eu sei que o futebol tem um público muito mais amplo, mas o surfe há anos já deixou de ser esporte marginal e abarca muita gente na cidade e no país. Se a preocupação era o público-alvo, saibam que grande parte dos surfistas tem alto poder aquisitivo.
Exagerando para explicar, o Brasil seria campeão do mundo no maracanâ e o jornal daria uma página. A Folha ainda dividiu a capa de esportes, estampando a outra metade com o Ronaldinho Gaúcho, que começará o brasileirão sob desconfiança. Ahh...
Outro detalhe foi a infeliz escolha do entretítulo da matéria da Folha, "Torcida comemora 'gols' na areia", referindo-se às manobras dos surfistas, que eram motivo de gritaria fora d'água. Que obsesssão chata, acham que todo esporte tem que ser comparado ao futebol para as pessoas entenderem.
Se é para comparar com outros esportes, quando o Guga foi o número um do mundo, o espaço dado foi muito maior. O surfe é menos popular que o tênis no Brasil? No Rio?!!
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